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quarta-feira, 22 de março de 2017

PATRONOS DA ALANEG - BIOGRAFIAS PARCIAIS

Perfis Biográficos de alguns dos Patronos da ALANEG:

José Sebastião Pinheiro de Souza, Cadeira 44
Patrono: Zenir João Pascoal

Zenir João Pascoal (Tupanciretã-RS, 27/8/1938 – Formoso-MG, novembro de 2013): líder político em Formoso-MG, professor, fazendeiro e ex-diretor escolar. Em solo gaúcho, sua terra natal, trabalhou mais de vinte anos como educador, sendo a maior parte do tempo como diretor da Escola Londeiro em Maurício Cardoso-RS e no Colégio Estadual Cacique Sepé Tiaraju, em Tupanciretã-RS. Adepto do cooperativismo, foi por vários anos membro do quadro dirigente e palestrante das cooperativas de Ijuí e Tupanciretã. Zenir liderou a chegada da segunda família de imigrantes sulistas que se fixaram em Formoso em 1980. O clã Pascoal, grupo bem representativo que impactou a imigração local, notabilizou-se no desempenho de atividades políticas e econômicas.
Em Formoso, Zenir Pascoal foi um dos principais apoiadores locais da criação da primeira cooperativa neste município entre 1989-1990; foi vereador por dois mandatos (1993-1996; 1997-2000); foi vice-prefeito (2001-2004); Foi presidente da Câmara Municipal por várias vezes destacando-se como mobilizador de projetos de integração regional; e foi, sobretudo, uma liderança sindical proativa desempenhando por décadas a função de presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Formoso. Foi também um dos principais patrocinadores do segundo jornal criado no município pelo escritor Xiko Mendes. A morte de Zenir Pascoal, em 2013, deixou um imenso vazio nas ações de mobilização comunitária em Formoso e região.

Fonte: MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do século XX: 130 Anos!. Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, páginas 293-294.


Ana Celuta Fulgêncio Taveira – Monte Alegre de Goiás
Cadeira 46
Patrono: Firmiano José de Almeida

Firmino José de Almeida (viveu e morreu no século XIX). Firmiano é o mais antigo e o mais anônimo na Lista de Patriarcas Colonizadores no povoamento da fronteira Bahia-Goiás-Minas Gerais (Região da Trijunção). Ali chegou em data incerta talvez até no final do século XVIII. Não se sabe, mas é muito provável que tenha sido descendente direto do bandeirante paulista MATHIAS CARDOSO DE ALMEIDA, primeiro dono do Norte-Noroeste de Minas a partir de 1690. Os descendentes de Mathias lideraram uma conspiração contra a Coroa Portuguesa entre abril e julho de 1736, em São Romão-MG. A derrota desse motim do sertão fez com que os descendentes dele se dispersassem por toda a região, inclusive na Trijunção BA-GO-MG.
Firmiano assenhoreou-se do território que fica no meio de nascentes que se deslocam para três bacias hidrográficas: rios Paranã (Goiás), Urucuia (MG) e Carinhanha (BA). Ali se tornou o primeiro “Senhor do Sertão” (que nos anos 1940/50 encantaria Guimarães Rosa) no Brasil Central, fim de mundo e ponto de conexão entre o Nordeste sanfranciscano e pastoril, e o Centro-oeste minerador.  No meio de suas fazendas, transitou boa parte do ouro e outras riquezas de Goiás e Mato Grosso no período oitocentista. A Estrada Real da Bahia ou Estrada Geral do Sertão, que ligava Bolívia e Centro-oeste brasileiro ao Nordeste e Europa, foi oficializada por D. João VI, em abril de 1736, e passava dentro das terras dele.
Firmiano fixou residência na fazenda que a partir de 2002 passou a ser o Assentamento Gentio-São Francisco. Dali comandou na primeira metade do século XIX toda a colonização do território da Trijunção BA-GO-MG que hoje está dentro do PARQUE NACIONAL GRANDE SERTÃO VEREDAS – PARNA-GSV (unidade de conservação, criada em 1989, com 230,6 mil hectares, incluindo terras de Formoso, Arinos e Chapada Gaúcha, em MG; e de Cocos-BA). O dito assentamento tem 91 famílias deslocadas do Parque e é um dos pontos de visitação turística por se tratar de umas das mais expressivas comunidades tradicionais do Gerais na Trijunção.
Firmiano casou-se duas vezes e deixou numerosa descendência em Formoso, Sítio da Abadia-GO, Arinos, Januária, Oeste Baiano... São descendentes dele, por exemplo, os escritores Xiko Mendes e Maria Zeneide Carneiro de Almeida Magalhães (membros efetivos da ALANEG), João Rocha, João Borges Carneiro, Napoleão Valadares, Valdivino Mendes e Miguel Carneiro. Dentro do PARNA-GSV, como testemunha externa de seu domínio, ainda existe a Vereda do Firmiano, corpo d’água cristalina que desce para o rio Carinhanha, o rio dos Caiapós, e dali vai ao Velho Chico, depois de percorrer mais de 400 Km entre a Serra Geral de Goiás e o Nordeste.

Fonte:
MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do século XX: 130 Anos!. Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, páginas 293-294.
CARNEIRO, Miguel. Formoso: Dois Séculos de História. Goiânia-GO: edição do autor, 2005.


Lourdes Fernandes de Souza
(Bia – Comunidade Kalunga) – Monte Alegre de Goiás, Cadeira 48
Patrono: Abdias Magalhães Ornelas

Abdias Magalhães Ornelas (Paracatu-MG, 23/10/1912, Formoso-MG: 7/11/1994). Natural de Formoso, então distrito paracatuense, Seu Abdias foi o “médico de toda a população da Região da Trijunção” (fronteira entre Bahia, Goiás e MG) por mais de quatro décadas, tratando doenças e pacientes em Formoso, Sítio da Abadia, Arinos, Mambaí, Damianópolis, e de outros lugares distantes mais de 300 Km da residência dele. Tinha apenas o 4º ano do ensino fundamental, mas notabilizou-se pelo alto saber como autodidata em Medicina. Quando tinha pouco mais de vinte anos, Seu Abdias foi “iniciado” na Medicina por Seu Aureliano Furtado, imigrante que vivia em Formoso vindo do Triângulo Mineiro. Com ele, leu centenas de livros aprendendo com maestria a farmacopeia científica, o princípio ativo dos remédios industrializados e seus efeitos nos pacientes. Também contribuiu para seu aprendizado propedêutico, as enciclopédias enviadas de Ouro Preto-MG por seu primo e bioquímico, Dr. Emídio Magalhães.
No período entre 1940 e 1990, Seu Abdias foi o único “médico” a receitar “remédios de farmácia” (como se dizia) na Região da Trijunção. A ausência do poder público (Estado) obrigava os moradores do Sertão no Brasil Central, distante dos centros civilizados do Litoral (antes de Brasília existir e o Centro-oeste se desenvolver), a ter que curar doenças por meio do Saber Tradicional das parteiras, curadores, raizeiros, benzedeiras e rezadores. Com Seu Abdias, essa população passou a contar com mais um suporte gratuito na busca de saúde (ele não cobrava por suas “receitas”, apenas os remédios). Seu Abdias foi o “farmacêutico” (boticário) das três primeiras farmácias de Formoso (as do Seu Doca – primo dele; Gerson e Vilmar – genros dele). No início dos anos 1990, deixou de receitar remédios publicamente devido a perseguição de médicos diplomados de Formoso. Mas o povo continuou procurando-o até a morte em 1994. Seu Abdias é desses raros seres humanos que nascem para fazer o bem e servir, não só o povo brasileiro, mas a Humanidade. Generoso, humilde, caridoso, sincero, ético... Tudo isso junto ainda é insuficiente para qualificar essa raridade humana que foi Seu Abdias.

Fonte: MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do século XX: 130 Anos!. Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, páginas 102, 449-450.
MENDES, Valdivino. Contribuição ao Centenário de Seu Abdias. Brasília-DF: 2011.

ANA PEREIRA DE SOUSA
Patronesse da Cadeira 45 da ALANEG
Titular: Nelli Ferreira Gáspio Basto– Monte Alegre de Goiás – GO.

ANA PEREIRA DE SOUSA (Januária-MG, 25/9/1905 – Paracatu-MG, 25/2/1998). Líder educacional, religiosa e política formosense. Chegou em Formoso, então distrito de São Romão-MG, em 29 de março de 1925, contratada como a primeira servidora pública dessa localidade que depois tornou-se município em 1963. Atuou como professora (até a 3ª série, hoje 4º ano do ensino fundamental) no período entre 16 de abril de 1925 (Dia da Educação Municipal em Formoso mediante lei aprovada pelos vereadores em 2005) e junho de 1952 quando se aposentou pelo Estado de Minas Gerais.
Por 25 anos lecionou em sua própria casa visto que no distrito de Formoso não havia prédio de escola embora o grupo escolar tivesse sido criado por lei provincial em 1882. Distante dos centros civilizados e abandonado pelo Poder Público, Formoso vivia isolado e nenhum professor arriscava em permanecer lecionando tanto pelas condições adversas de trabalho quanto porque o Estado eximia de sua responsabilidade. Dona Ana chegou em Formoso levada pelo então Vereador Minervino Gomes de Ornelas, que representava este distrito na Câmara Municipal de São Romão. Ele era esposo de uma tia dela, a Dona Rosa.
Em 1927 Dona Ana casou-se com Seu Florípio Alves Santana, considerado o intelectual do distrito visto por todos como o mais dedicado à cultura. Não teve filhos biológicos, mas criou um punhado de sobrinhos e crianças deficientes (que não eram parentes dela, mas eram abandonados pelas famílias). Entre agosto e setembro de 1925 teve de interromper suas aulas por causa da passagem da Coluna Prestes – assim ela conta em sua autobiografia.
Entre 1930 e 1980, ela e o marido foram representantes oficiais da Prelazia (depois Diocese) de Paracatu em Formoso. Todos os festejos católicos e demais rituais litúrgicos (batizados, casamentos...) ficaram sob a responsabilidade deste casal, motivo pelo qual se tornaram muito prestigiados como líderes comunitários.
O prestígio logrou muito êxito ao casal. Dona Ana e Seu Florípio foram vereadores de Formoso, destacando-se ambos no comando do Legislativo. Ela foi secretária da Mesa Diretora quando exerceu seu mandato no início de 1970. Em 1987, com o falecimento do marido, Dona Ana escreveu e editou às suas expensas o livro autobiográfico “Lembrança do Passado” – opúsculo no qual pontua sua trajetória, sua ancestralidade e sua contribuição à Educação e a Cultura em Formoso. Publicado em 1988, a obra é um tesouro cuja preciosidade nos emociona pela narrativa emotiva sobre um Formoso que olvidou-se, esvaneceu-se e sucumbiu-se à avalanche da modernidade. O próprio livro dela só não foi totalmente esquecido porque foi reproduzido na íntegra na obra “Formoso de Minas no final do século XX: 130 Anos”, do historiador Xiko Mendes. Recentemente, Dona Ana foi objeto de estudo na tese de doutorado da Professora Maria Zeneide Carneiro de Almeida Magalhães na Universidade de Brasília. Zeneide é filha de Formoso, pesquisadora universitária em Goiânia-GO, e membro efetivo da ALANEG – Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano e da RIDE-DF.
Educadora, líder local da Igreja Católica e agente politico-comunitário, Dona Ana foi a um só tempo mãe, mulher moderna e autônoma, culta, generosa, militante de causas sociais, mobilizadora de sua comunidade e transformadora da cruel realidade até então vivida pelo povo de Formoso, no esquecido Noroeste de Minas, Bacia do Urucuia, imortalizada nas obras de Guimarães Rosa. Nos anos 1990 foi morar com seu sobrinho e filho adotivo, Geraldo Messias Moreira de Sousa, em Paracatu, e lá ela faleceu em 1998 sendo sepultada em Formoso no mesmo jazido do marido bem na entrada do Cemitério Municipal Nossa Senhora da Abadia. Dona Ana e sua trajetória são descritas em várias obras de Xiko Mendes por sua valiosa, singular e insubstituível contribuição à história de Formoso-MG.


Fonte: MENDES, Xiko. Formoso de Minas no final do século XX: 130 Anos. Formoso-MG: Prefeitura Municipal, 2002, páginas 460-492. 

ANA PEREIRA DE SOUSA, PATRONESSE DA CADEIRA 45 DA ALANEG

O Centenário de Dona Ana Pereira de Sousa, Patronesse da Cadeira 45 da ALANEG

 

(Discurso lido pelo Cerimonial durante Solenidade Comemorativa ao Centenário de Nascimento da Educadora e Vereadora Dona Ana Pereira de Souza, na Câmara Municipal de Formoso-MG, em 26 de setembro de 2005).

 Xiko Mendes

“(....).
Nesta Solenidade Comemorativa ao  Centenário de Nascimento da Professora e Vereadora Ana Pereira de Sousa, venho dirigir-me aos familiares de Dona Ana, aos amigos e eternos admiradores que aqui ela deixou, para saúda-los nesta muito oportuna homenagem que o Poder Legislativo lhe presta ao seu dia de nascimento: 28 de setembro!
Para falar sobre Dona Ana, temos que falar de Formoso. Lugar isolado, perdido nos sertões, distante do futuro, escondido da Civilização, Formoso era, no começo do século XX, apenas um vilarejo paracatuense onde homens lutadores como o Coronel João Borges Carneiro ou Martinho Antônio Ornelas Júnior tentavam mudar o rumo dessa História heróica. Só que eles morreram; morreram todos antes de 1915.
A primeira escola pública de Formoso, criada pelo Estado em 1882, nunca tinha funcionado, nem sede tinha, muito menos professor pago pelo Governo. A Educação aqui era artigo de luxo. Só filho de fazendeiro – e apenas de alguns fazendeiros iluminados – que pagava professores particulares, tinha acesso ao conhecimento, à escola. Mas em 1923 o Distrito de Formoso – que estava sem professor na Vila desde 1912 – foi transferido para o município de São Romão. Aí tudo mudou! Seu Minervino Gomes Ornelas foi eleito e empossado em 1924 Vereador Distrital para a Câmara de São Romão.
Como sua primeira esposa – Dona Rosa – tinha uma sobrinha em Januária, recém-formada como Professora, Seu Minervino decidiu sugerir o nome dela para o Prefeito de São Romão, Major Saint Clair Fernandes Valadares. O pedido foi prontamente acatado! Dona Ana, com seus dezenove anos, veio para Formoso; despediu-se eternamente de sua Januária natal para fazer história onde o futuro precisava dela.
No dia 16 de abril de 1925 DONA ANA INICIOU SEUS TRABALHOS DE REGÊNCIA DE CLASSE COMO A PRIMEIRA PROFESSORA (funcionária) PÚBLICA DE FORMOSO – sendo esta a verdadeira data onde começa a História da Educação em Formoso. Dona Ana foi nomeada Professora dia 28 de outubro de 1924 por ato do Governador em exercício, Dr. Olegário Maciel, com base no Decreto Estadual 6.665 de 19/8/24. Lotada como Servidora Pública Estadual na Secretaria do Interior, obteve autorização para lecionar somente até a terceira série do Ensino Primário.
Daí em diante a Comunidade do Arraial do Formoso passou a contar, regularmente, com a sua ESCOLA PÚBLICA FUNCIONANDO sem interrupções. Mesmo quando o Governo atrasava pagamento ou o envio de material didático, que vinha em trem de ferro até Pirapora, dali em vapores pelo São Francisco até Januária e de lá em lombo de burro ou em carro de boi até Formoso, Dona Ana nunca interrompeu suas aulas. Sem um prédio para lecionar fez da própria casa uma escola; um carvão, uma lousa, qualquer material servia-lhe de “instrumento pedagógico” para que aquela heróica educadora ensinasse aos seus alunos o caminho para o conhecimento.
Como educadora, Dona Ana tornou-se aqui a PRIMEIRA LIDERANÇA EDUCACIONAL DE FORMOSO, razão pela qual, por sugestão nossa, é conferido a ela, nesta Solenidade, o título “pos-mortem” de PATRONESSE DO ENSINO MUNICIPAL. Mas Dona Ana não foi apenas uma professora, embora isto por si só já engrandeceria sua riquíssima biografia como fundadora da primeira escola de Formoso: a Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas. Dona Ana foi uma educadora missionária! Fez de tudo na vida um sacerdócio. Renunciou à sua vida particular para servir à Comunidade de Formoso a vida inteira!
Como mãe, Dona Ana não teve o privilégio de ter filhos biológicos; mas dezenas de pessoas ou foram criadas ou por algum tempo foram enteadas do Casal Dona Ana e Seu Florípio (Alves Santana).
Como líderança religiosa, nomeada pelo Bispo de Paracatu e intelectual holandês, D. Eliseu van de Weijer, Dona Ana dirigiu com seu marido a Igreja Matriz católica Nossa Senhora da Abadia por 50 anos deixando o cargo só em 1980. Sempre dedicando-se à Família e à Religiosidade.
Como vereadora, Dona Ana foi eleita pelos colegas vereadores Secretária da Mesa Diretora deixando nos anais deste Plenário atas memoráveis e com redação admirável.
Como intelectual, Dona Ana escreveu o livro autobiográfico intitulado “Lembrança do Passado” publicado com recursos próprios em 1987. Neste pequeno livro, cujo conteúdo transcrevi para meu livro sobre Formoso, encontramos o relato emocionante de uma pioneira abnegada e determinada a construir, em Formoso, uma nova mentalidade. Com uma base intelectual invejável para aquele tempo de atraso, Dona Ana foi amiga pessoal de intelectuais e autoridades importantes como o já mencionado sacerdote holandês e o escritor januarense Manoel Ambrósio que enquanto foi Inspetor de Ensino, ao visitar o Distrito de Formoso, sempre hospedava-se na residência dela.
Educadora, escritora, mãe em tempo integral, líder religiosa, vereadora, Dona Ana foi tudo isto, mas principalmente foi a melhor amiga do Povo de Formoso. A prova disto são as dezenas de compadres, de comadres e afilhados que deixou aqui neste município – exemplo concreto do reconhecimento público e da consideração que Formoso tinha por ela.
Como Historiador desta Cidade, tive o privilégio de escrever uma centena de biografias sobre pessoas ilustres de Formoso, e por isto, posso dizer, sem medo de errar, que se tivesse de eleger as duas pessoas sem as quais Formoso não seria o que é hoje, com certeza, Dona Ana e Seu Abdias Magalhães Ornelas, seriam escolhidas como as Personalidades Formosenses do Século XX mais importantes! Ninguém em Formoso rivaliza com eles! São pessoas muito especiais por que tudo o que fizeram não visava tirar proveito próprio, mas, antes de tudo, ajudar o Povo.

Parabéns, Vereador Antônio Pereira da Silva, autor da Resolução que aprovou a realização desta SOLENIDADE COMEMORATIVA AO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DA EDUCADORA ANA PEREIRA DE SOUSA! Que outras homenagens, de hoje em diante, possam ser feitas neste Plenário a pessoas que merecem por que lutam a vida inteira por uma causa: tornar Formoso melhor, tornar nosso povo mais consciente. Esta tem sido, modéstia à parte, a minha tarefa. Duas delas são, inclusive, a luta pela implantação do Ensino da História do Município e de Educação Ambiental em nossas escolas; e a luta pela criação do museu CASA DE CULTURA DE FORMOSO-MG ANA PEREIRA DE SOUSA. Para isto, deixei com o Governo do Município agora no início de agosto os projetos de lei já redigidos; basta enviá-los aos vereadores e transformá-los em Lei. Tenho certeza que ainda dentro destas comemorações do Centenário, o Governo Luizinho colocará em prática este projeto do museu com o nome de Dona Ana. Será um ato de justiça e de reconhecimento público deste Governo com esta pioneira que nem sequer tem uma rua ou uma escola com o nome dela. Estamos aguardando! Muito obrigado!

PAULO BERTRAN - PATRONO DA CADEIRA 21 DA ALANEG

Homenagem ao Historiador Paulo  Bertran, Patrono da Cadeira 21 da ALANEG

(Discurso do Professor XIKO MENDES proferido durante SOLENIDADE EM HOMENAGEM AO ESCRITOR PAULO BERTRAN em dezembro de 2005, em Planaltina – DF).

          Em nome da Diretoria da ACADEMIA PLANALTINENSE DE LETRAS da qual sou o atual Diretor Cultural e de Comunicação, e em nome de seus membros efetivos, entre os quais, a escritora Kora Lopes, Presidente da nossa Casa de Letras nesta bicentenária cidade histórica de Planaltina, venho prestar nossa homenagem a este grande intelectual brasileiro, mas sobretudo Intelectual deste Planalto Central – síntese da cultura mineiro-goiano-brasiliense.
          Venho aqui em primeiro lugar, não para falar sobre sua obra monumental – pois muitos falarão delas nos próximos anos – mas quero falar da amizade que construí ao longo dos últimos doze anos com este Homem do Cerrado. Conheci o Professor Paulo Bertran por acaso. Em setembro de 1993, alguns meses depois de ter concluído o Curso de História no Uni-CEUB e depois do Departamento de História daquela instituição ter escolhido a minha monografia como uma das duas melhores daquele ano, fui convidado a expor uma palestra sobre o tema da minha pesquisa na SEMANA DE HISTÓRIA que aconteceria naquele ano de 1993 lá no CEUB. E nesta palestra recebi o convite para conhecer o professor Paulo Bertran.
Minha monografia – que depois virou livro com o título “O MITO DA INTERIORIZAÇÃO ATRAVÉS DE BRASÍLIA – trazia um enfoque polêmico sobre a mudança da capital. Minha professora orientadora, Eleonora Zicari, doutora em História pela UnB e amiga do Professor Paulo Bertran, pediu, então, que fóssemos até ele verificar a possibilidade de publicar dois capítulos na revista “DF LETRAS” – publicação da Câmara Legislativa do DF idealizada e editada pelo escritor Paulo Bertran. Fomos, então, à casa dele no final da Asa Norte. Com seu jeito de goiano do interior, fala mansa, passos lentos, extremamente modesto, com uma simplicidade indizível, Paulo Bertran fez-nos adentrar, pacientemente, aos recintos de sua casa mostrando com a paixão própria dos grandes intelectuais todos os livros clássicos que dispunha em sua biblioteca sobre Brasil, Goiás, Centro-Oeste, e especialmente sobre esta vasta região do Planalto Central. Percebi, então, que estava diante de um grande mestre da Historiografia contemporânea. Naquele 1993 já estava escrevendo o seu clássico “HISTÓRIA DA TERRA E DO HOMEM NO PLANALTO CENTRAL”.
Fomos embora deixando ali parte da minha monografia para a DF LETRAS. Uma semana depois, o Prof. Paulo me ligou convidando-me para o “IIII Encontro de Historiadores do Planalto”, ocorrido em 93 na sede do Instituto Histórico e Geográfico do DF. Pediu-me para escrever uma palestra sobre Formoso-MG, minha terra natal e tema de outra pesquisa histórica que eu realizava, e que o deixou fascinado. Fiz a palestra e quando menos espero, chega em casa a nova edição da DF LETRAS. A surpresa: não saiu nada da monografia sobre Brasília, mas publicou na íntegra as quatro páginas da minha palestra sobre Formoso de Minas. Questionei-lhe, ao que me respondeu vários anos depois: “Xiko, cada um de nós temos uma paixão: você por Formoso de Minas; eu, por Brasília. Resolvi deixá-lo feliz sem que eu ficasse triste”.
Paulo Bertran eram assim: um soldado das letras na defesa de Brasília, um defensor do Planalto Central, enfim, um apaixonado por tudo que fazia, por tudo que o cercava – família, amigos, natureza, e o Cerrado, simbiose de todas as suas paixões. Nascido no antigo arraial de Santana das Antas – modernamente conhecido como Anápolis-GO – Paulo Bertran fez do Distrito Federal a extensão de sua terra de origem. E esta sua devoção telúrica e compromissada com a identidade candanga fez dele merecedor de várias homenagens. Uma delas ocorreu no plenário da Câmara Legislativa do DF na manhã de 16 de março de 2001, fruto de um projeto de resolução dos deputados distritais Maria José Maninha (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). O Parlamento Brasiliense conferiu a ele o merecido título de CIDADÃO HONORÁRIO DE BRASÍLIA.
          Mas não apenas Brasília deveria fazer tal homenagem. Cidades como a nossa Planaltina e outras tantas que se espalham pelo território do Planalto Central deveriam fazer, periodicamente, atos evocatórios de sua memória, pois foi o historiador Paulo Bertran quem deu a estas cidades uma identidade de pertencimento pré-brasiliense. Na Historiografia sobre a Transferência da Capital para o Planalto Central, há, infelizmente, uma tendência teórico-triunfalista, que ainda é predominante: a de achar que antes de vir a Capital Federal para o Centro-Oeste, tudo nesta região era atraso; a impressão que se tinha nas cidades do Litoral era a de que o Centro-oeste era povoado de uma gente conservadora de costumes coloniais, embrutecida, cheia de arcaísmos do tempo dos bandeirantes, uma gente que só sabia criar gado curraleiro pé duro, plantar umas rocinhas em terrenos brejados e nada mais.
Tal preconceito, parte dele para justificar a Transferência da Capital, ignorava a identidade do Povo do Planalto Central. Ignorava que antes de Brasília cidades mineiras como Paracatu ou cidades goianas como Luziânia e Pirenópolis – só para ficar entre exemplos de lugares próximos de nós – eram todas pólos difusores de civilização, cidades que surgiram do encontro entre mineradores e pecuaristas, do encontro entre a cobiça e a vontade de fixar-se à terra. Deste encontro dialético entre um passado mediado pelos saberes milenares pré-colombianos dos Tapuias-jês, dos Crixás, dos Goiáses..., e os saberes do homem branco, desta fusão entre diferentes culturas nasceu isto que o historiador Paulo Bertran batizou, de forma apropriada, de Homo Cerratense.  Paulo Bertran mostrou que o Planalto Central, muito antes de Brasília existir, já era um pólo cultural dinâmico e permanente com culturas pré-históricas e legados relevantes para a formação do Povo Brasileiro residente no centro do país.
Revolvendo documentos perdidos em arquivos e que permaneceram inéditos por duzentos anos, consultando fontes nunca antes acessadas, identificando lugares, situações e personagens só citados em relatos empoeirados do Brasil-Colônia, o historiador Paulo Bertran construiu uma nova identidade desta gente do Cerrado. O Cerrado, nos livros do Professor Paulo Bertran, não é uma invenção geográfica do Tratado de Madri rasgando fronteiras imaginárias do Tratado de Tordesilhas entre portugueses e espanhóis. Paulo Bertran deu ao Cerrado uma unidade ecossistêmica que ao mesmo tempo é uma unidade cultural e eco-histórica onde natureza e cultura não são conceitos antagônicos.
Paulo Bertran foi um intelectual completo, não por que dominasse diferentes atividades de pesquisa, mas por que sabia recorrer, com humildade, a diferentes ciências e saberes como a Arqueologia, a Paleografia, a Paleontologia, a Espeleologia, a Ecologia e aos mais variados tipos de conhecimentos para fazer desse cruzamento de informações uma síntese agradável de se ler em páginas memoráveis que escreveu sobre o Cerrado brasileiro.
Como o sertão, para Guimarães Rosa, não tinha janelas nem portas por que o sertão é o mundo; para Paulo Bertran, o Cerrado é um mundo herdeiro de uma cultura cerratense ou cerradeira que vem lá da Pré-história e tem uma seqüência no tempo; um mundo que não é esse cerrado do agro-negócio e das pranchetas do IBGE que divide povos com história e cultura comuns em povos separados no mapa com esses nomes que a gente chama de Mato Grosso, de Goiás, de Distrito Federal ou de Minas Gerais. Para Paulo Bertran, o Povo Cerratense que, erradamente, chamamos de brasiliense, de mineiro, de goiano, de matogrossense..., é, na verdade, um povo único, singular na sua identidade ecossistêmica e eco-cultural. Paulo Bertran não via o Cerrado, aliás, ele não via nada em fragmentos, pois para ele a unidade na adversidade produzia, numa relação dialético-holística, a mudança e a permanência; o parto do novo era ao mesmo tempo a gestação de uma consciência ancestral promotora do senso de pertencimento.
Em livros que se tornaram clássicos como “História da Terra e do Homem no Planalto Central” ou “Notícia Geral da Capitania de Goiás”, entre tantos outros que escreveu, inclusive sobre várias cidades goianas como Palmeiras, Niquelândia ou Goiás Velho sempre fica patente seu compromisso quase que instintivo com a construção desta consciência holística evocatória da ancestralidade do Povo Cerratense. Evocar o passado sem fazer dele bandeira política para recuar nas transformações, e sim, para que a gente tenha uma dimensão temporal clara sobre a nossa existência eco-histórica é condição indispensável para que, num contexto de globalização como o que vivemos, não se confunda desenvolvimento do cerrado com a morte dele por meio de monoculturas voltadas para o mercado consumidor externo. Ler os livros de Paulo Bertran é o mesmo que soltar um grito de profundo silêncio onde só a alma cerratense milenar escuta e diz para Oreádes – a deusa pitonisa guardiã das tradições do Homo Cerratense – para que ela cuide do Cerrado, cuide dele antes que o Cerrado seja visto apenas nas obras do meu amigo amigo Paulo Bertran.
Mais uma vez, agora em nome da UNIFAM – União Nacional de Integração entre Formoso, Autoridades e Amigos de Minas, entidade que representa o Povo de Formoso de Minas em Brasília e que tenho a honra de presidir – quero agradecer do fundo do coração a oportunidade de compartilhar deste momento solene feito em memória da figura ímpar que é o Professor Paulo Bertran. Minha cidade – Formoso de Minas, que é também um município do Planalto Central, portanto, cidade co-irmã de Planaltina e cujo documento mais antigo sobre sua existência foi encontrado pelo historiador Paulo Bertran no Arquivo Ultramarino de Lisboa – faz-se presente neste agradecimento por tudo o que ele fez por estas tantas cidades cerratenses.
E Planaltina – trevo de passagem de gente do sertão que perambulava pela Picada da Bahia nos tempos coloniais e hospedava-se na casa do Mestre d’Armas, herói anônimo fundador desta cidade-mãe de Brasília, sente-se igualmente rejubilada nesta noite de encantamento com o Homem do Cerrado. Planaltina, cidade a que Paulo Bertran dedicou páginas primorosas para falar de seu passado colonial, tem sua origem como resultante do encontro entre a decadência da mineração no fim do século XVIII e a prosperidade da pecuária nascente no começo do século XIX. E esta Planaltina de casarios coloniais, que guarda reminiscências bicentenárias nos becos de silêncio indizível, tenho certeza, está honrada de ser, nesta noite maravilhosa, o local escolhido para homenagear o escritor Paulo Bertran falecido no mês de outubro passado.

Obrigado Escritor Paulo Bertran! Que Oreádes, a Deusa Protetora do Cerrado e musa preferida que te inspirou tantos livros, ouça sua voz persistente na defesa do nosso Cerrado. Que Oreádes inspire esta gente cerratense como o Povo de Planaltina a construir uma consciência ancestral e ecológica capaz de conciliar passado e presente promovendo o progresso, mas conservando a natureza.

terça-feira, 21 de março de 2017

PROSOEMA - XIKO MENDES

Não Quero Ser Rico do Jeito Dele$


                                                                        Xiko Mendes


Nunca qui$ ser rico.
Minha riqueza é a Vida!
É a vida pulsando nos poros latejantes,
É a vida no silêncio inquieto das formigas,
É a vida na paciência do besouro rolando fezes
Para decompor e transformá-las em adubo.

É a vida de uma criança correndo no meio da chuva
Para deslumbrar-se com os pingos da felicidade.
É a vida nos mares... é a vida na música...
É a vida na poesia...
É a vida como celebração das
Coisas ditas insignificantes pelo olhar interesseiro
Dos ricos, que são pobres,
Mas me acusam de não querer ser rico.
Mas não quero ser rico como eles.
Sobre eles, não nutro inveja ou ambição.
Tenho é compaixão por estarem presos na gaiola de ouro
Da qual são prisioneiros em toda a sua Existência medíocre.
O que detesto é a Pobreza, a Avareza, a Mesquinharia...!
Ser pobre de espírito, despir-se da Honra,
Renunciar à própria Dignidade, tornar-se subserviente...:
É isso que é repugnante e contra o qual lutarei sempre!
Não preciso dessa riqueza alardeada por essa gente.
O que quero é ser feliz
Calçando as sandálias da humildade,
Mas sendo visto por minhas virtudes.
Quero deixar marcas em tudo que faço!
Quero sonhar desbragadamente como um condor livre sobre o céu.
É isso que me torna rico!
É isso que é minha norma, que me forma, que me transforma.
Minha riqueza é ficar, horas e horas, sentado,
Vendo o voo e o pouso de um pássaro.
Como é belo sentir aquilo que os ricos,
Por falta de tempo, não conseguem sentir!
O dólar, a bolsa de valores, os juros, as ambições...
Impedem os ricos de curtirem o suave
Deslocamento das nuvens ou das neves condensadas
Porque desconhecem a linguagem dos esquimós
Para quem as neves têm dezenas de cores,
Tem dezenas de significados e até cheiros diferentes.
Minha riqueza é ter em casa uma biblioteca inteira
Com livros aguardando o toque mágico de meus dedos e olhos
Para decifrar os segredos do Mundo em leituras
Para as quais tenho sentimentos infinitamente indizíveis.
Minha riqueza é esperar, pacientemente(!), pacientemente(!),
O momento do bicho preguiça se movimentar só para
Eu eu perceber que na Natureza não se anda depressa,
Pois nela a rígida regra dia-lógica do Universo
Exige a criteriosa matemática metafísica que
Conta os passos da evolução em ritmos inversos
Aos interesses hipócritas e materialistas da maioria
Dos que se dizem ricos.
Nunca qui$ ser rico!

Detesto ser rico como essa gente!
E enoja-me o Poder guiado em mãos dos Hipócritas!

Contento-me com as únicas riquezas que tenho:
O Sol, as Estrelas, a Luz de minhas manhãs esplendorosas;
A Família;
A Saudade;
O Amor Compartilhado;
A Liberdade!
A Criança que me responde apenas com um sorriso sem preço.
Isso para mim basta!
Ser feliz é um desencontro permanente
Com a felicidade do Ser.
E é isso a única riqueza que restará em minha breve Existência.
Mais nada.
Não quero ser rico!
Obrigado, Deus!!!
Essas são as riquezas que eu juntarei sempre e das quais
“(Re) lembrarei” em meu Silêncio Eterno.


POESIA - XIKO MENDES/SANDRA C. ARAÚJO

Eles não calarão Nossa Voz!

                                                           Xiko Mendes e Sandra C. Araújo


Ninguém jamais calará a Nossa Voz
Porque ela é Verdade que incomoda.
É luz que segue acordando todos Nós
E é brasa viva para quem não acorda.

Ninguém jamais calará a Nossa Voz
Porque a Liberdade é o nosso projeto.
É nossa estrela que brilha e anda veloz;
E indica o caminho que achamos correto.

Ninguém jamais calará a Nossa Voz
Porque ela reivindica a Paz e o Amor.
Ela é contrária ao nosso instinto atroz,
Mas é instrumento contra o impostor.

Ninguém jamais calará a Nossa Voz
Porque o Silêncio é cúmplice do medo.
Hoje queremos que você se junte a Nós
Contra as mentiras e os falsos segredos.

Fonte: Jornal Correio Braziliense, terça-feira,7/2 de 2012 Caderno Diversão e Arte, Pág. 4.


ALANEG - WALTER BENJAMIM

Há um quadro de Paul Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O Anjo da História deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o PASSADO. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do Paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o FUTURO, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos Progresso”. (Walter Benjamin – Sobre o Conceito de História).

POESIA - XIKO MENDES

A Política do Esperancídio e a Redenção da Utopia
(Um Guia para o Eleitor em Sete Fases)

(Esse poema é dedicado a Thomas Morus, pelo 5º Centenário de seu livro, Utopia, em 2016).

Xiko Mendes

I – Sonhar ainda é possível

Dizem alguns que sou muito sonhador.
É verdade.
Sem sonho não se fecunda a impossibilidade.
Sonhar o que se julga impossível é reaproximar
De nós a face intangível de Deus sob o manto da
Esperança sufocada na garganta dos pessimistas,
Dos invejosos e dos que, em vez de lutar,
Cruzam os braços apostando na inércia do Mundo
Como resposta à própria acomodação,
Indulgência e indolência,
Que são os antídotos de quem não se comove
Com a miséria da vida e se torna prisioneiro de
Uma existência medíocre e previsível.
Dizem também que uma pessoa que
Acredita nas próprias palavras é muito perigosa.
Concordo plenamente.
Hitler acreditou tanto nas palavras dele
Que quase destruiu o Mundo.
Por outro lado, Cristo e Mahatma Gandhi
Também acreditaram tanto no que eles
Disseram à Humanidade que
Semeou no Mundo um extenso vocabulário de utopias.
O Mundo é assim: Uma “Lexicosfera” onde
Cada palavra incorpora o Universo à dimensão do Nada
Ou à dimensão do Infinito.
Sonhar é espantar-se com as diversas possibilidades
De se fazer acontecer e surpreender-se transformando
O mistério da (re)descoberta de si mesmo e do Mundo
Como alavancas do sucesso nas fronteiras movediças
Dessa encruzilhada centrífuga que é a Existência Humana
Entre a cômoda decisão de ficar e contentar-se com o já feito
Ou a incrível vontade de percorrer as linhas do desconhecido
Em busca de algo que ninguém consegue para mim:
O direito supremo e inalienável de trilhar, oniricamente,
Todas as curvas do Universo, visitando todas as Galáxias,
Hospedando-me em todas as Constelações,
Vivendo aventuras dantescas em buracos negros,
E fixando todos os meus sonhos como poeira cósmica
Levada pelo vento e que permaneça em órbita
Para que os pessimistas se envergonhem e digam:
Sonhar ainda é possível!”.
E mais do que possível,
Sonhar é estar sempre no Labirinto
Buscando caminhos novos e atalhos
Para que o Mundo se renove, continuamente,
E o Homem continue sua marcha inelutável
Em busca de si mesmo
Como Metamorfose Caótica em Universo Oscilante

Aprendendo Lições de Cosmologia Onírica.

OBS.: Trecho inicial de um longo poema publicado no livro SORRISOS DE MEDUSA TRANSFORMAM SONHOS EM PEDRA, Bsb: Unifam, 2013.

ALANEG - GANDHI

Lições de  Satyagraha

Não existe um caminho para a Felicidade. A Felicidade é o Caminho. A Alegria está na LUTA, na Tentativa, no Sofrimento envolvido e não na Vitória propriamente dita. A Força não provém da capacidade física. Provém de uma Vontade indomável. O Fraco jamais perdoa: o Perdão é uma das características do Forte. Aprendi através da Experiência Amarga, a suprema Lição: controlar minha Ira e torná-la como o calor que é convertido em Energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa FORÇA CAPAZ DE MOVER O MUNDO. Aprenda como se você fosse viver para sempre. Viva como se você fosse morrer amanhã. Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova. Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a Mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa Vida. Temos de nos tornar a Mudança que queremos ver no Mundo.

(Mensagens de Mahatma Gandhi, 2/10/1869 – 30/01/1948).


segunda-feira, 20 de março de 2017

ALANEG PRESTA HOMENAGENS EM MONTE ALEGRE DE GOIÁS-GO DIA 18/3/17

Lista de homenageados da ALANEG - 18/3/2017, em Monte Alegre de Goiás-GO.

Diploma e Medalha ORDEM DO MÉRITO E CIDADANIA CERRATENSE DO PLANALTO CENTRAL JOÃO GUIMARÃES ROSA

1-     Alex Santa Cruz – Prefeito de Divinópolis
2-     Ary Ferreira da Silva – Professor - Cavalcante – GO
3-     Carlos Azevedo Pinto – Músico e Saxofonista – Formosa - Goiás
4-     Carlos Eduardo Florentino da Cruz – Delegado Regional de Campos Belos – GO
5-     Carlos Eduardo Pereira Terra – M.D. Prefeito de Campos Belos – GO
6-     Célia Regina Régis – Juíza de Direito em Palmas – TO
7-     Cleiton Gonçalves Martins – M.D. Prefeito de São Domingos – Goiás
8-     Cristiano Muniz – professor da Faculdade de Educação da UnB – Alto Paraíso - GO
9-     Dariano Batista Cordeiro – Campos Belos – jornalista, ex-combatente e ex-torturado pela Ditadura militar.
10-  Floripes Pereira de Moura – Professora e educadora montealegrense, contribuiu para a criação do 1º ginásio de Monte Alegre – SENEC
11-  Geferson Antonio Fernandes – lendário conhecedor da história montealegrense
12-  Gesiel Januário de Almeida - Dr. Zito – Ex- diretor da UEG de Divinópolis
13-  Goiana Vieira da Anunciação – Cantora Lírica/Presidente da Academia Piracanjubense de Letras e Artes
14-  Izabel Cristina Alves Signoreli – Presidente da Comissão Goiana de Folclore – Goiânia – Goiás
15-  João Celino Xavier do Bonfim – Artesão de Monte Alegre de Goiás
16-  Josaquim Miranda – Prefeito de Teresina de Goiás
17-  Josemar Saraiva Freire – M.D. Prefeito de Cavalcante – GO
18-  Juvenal Fernandes de Almeida – Prefeito da cidade de Monte Alegre de Goiás
19-  Laila Chalub Santoro – Gestora Cultural
20-  Luz Marina Pereira de Alcântara – Academia de Letras Palmeiras de Goiás
21-  Major Leandro Ferreira Carvalho – Campos Belos - Goiás
22-  Manuel Edeltrudes Moreira– Primeiro presidente da Associação Kalunga e vereador no município de Monte Alegre
23-  Maria José Weiss – Diretora e Editora da Revista Xapuri Socioambiental - Formosa – Goiás
24-  Martinho Mendes da Silva – Prefeito de Alto Paraíso
25-  Narcisa Abreu Cordeiro – Escritora, membro da Aflag – Academia Feminina de Letras e Artes Goiana, arquiteta e urbanista.
26-  Nelli Ferreira Gáspio Basto – Escritora e Contadora de Histórias da Cultura Popular
27-  Nilvan Vasconcelos – Presidente do Conselho de Patrimônio de Planaltina – DF
28-  Padre Elison Gonçalves dos Santos – Monte Alegre – Goiás
29-  Pedro Batista – Campos Belos – Vicentino
30-  Rosa Clara Narciso de Sousa – Professora e enfermeira, ex-secretária de saúde

31-  Rosa Gomes Taveira – Professora, diretora e colaboradora da Educação em Monte Alegre de Goiás.

Relação de Homenageados com TROFÉU CORA CORALINA
1-      Antônio Almeida – Goiânia – Goiás – Sócio-diretor da Kelps Editora
2-      José Eliton Junior – Vice-Governador do Estado de Goiás.
3-      Kaibar Emídio da Silveira – Doador do terreno para a construção da Universidade aberta e de 400 refeições semanais para necessitados.
4-      Marcos Takahashi – Monte Alegre – médico e apoiador da cultura do Nordeste Goiano.

5-      Procópia dos Santos – Matriarca e Líder da Comunidade Kalunga Engenho 2 – Monte Alegre.